Megadeth: dos negócios aos rattleheads.

Saudações, senhores.
O ano de 1985 começou promissor para a Megadeth.
O bom repertório baseado na agressividade do Thrash oitentista e na velocidade precisa e técnica de Mustaine, mais o contrato assinado com a Combat Record que garantiu uma quantia razoável à época (fala-se em U$8.000) para a gravação e produção do primeiro disco oficial da banda, alimentariam ainda mais o flamejante desejo de vingança de Mustaine contra seus desafetos da Metallica. Acontece que, como quase sempre, nós somos nossos piores inimigos, e com Mustaine e cia não foi diferente. Focados em destronar os dois discos já lançados por sua ex-banda, "Kill 'Em All" e "Ride the Lightning", e com todo um horizonte de possibilidades gerado pelo contrato (investimentos, equipamentos, recursos técnicos, profissionais etc), Mustaine, Poland, Ellefson e Samuelson foram derrotados pelas próprias fraquezas: metade do dinheiro investido pela gravadora acabou indo parar nas garrafas de vodka e nas drogas. Limitados financeiramente a banda decidiu dispensar o produtor no meio dos trabalhos e terminar eles próprios a produção do disco - o que ainda hoje gera muitas críticas técnicas sobre o resultado final. Outro corte seu deu na arte da capa que, originalmente, traria o mascote da banda, Vic Rattlehead. A gravadora alegou que perdeu o esboço criado por Mustaine e optou pela capa de baixo orçamento, deixando a banda muito - mas muito - descontente.  Mesmo assim "Killing Is My Business... and Business Is Good!" é um marco do Metal. Da introdução instrumental de "Last Rites/Loved to Deth" ao fechamento com "Mechanix", tudo é cru, furioso, técnico e veloz - bem ao gosto do que pretendia Mustaine. Apesar dos esforços da Combat Records a divulgação do disco foi fraca. Ainda assim o álbum atraiu a atenção e muitas críticas positivas. Poland e Samuelson contribuiram com a experiência técnica adquirida nas bandas anteriores em que tocavam uma espécie de Jazz Fusion, Ellefson agregou a urgência pontual do Punk e do Hard Rock às linhas do baixo e até o vocal improvisado de Mustaine - notadamente ainda se adaptando à nova função - foi elogiado por conter a sincera honestidade dos amadores.
"Killing Is My Business... and Business is Good" buscou inspiração nos quadrinhos do Justiceiro a violência e a tendência que temos de acostumarmo-nos à ela, tratando-a friamente como números e "negócios".
"Rattlehead", gíria para os fãs que ficavam na frente do palco chacoalhando a cabeça, nara a épica aventura de vivenciar uma apresentação da Megadeth nos idos dos anos 80 e sobreviver. Pode ser apenas impressão minha mas as semelhanças com "Whiplash", do Metallica, logo me vem à lembrança, não tanto pela sonoridade, mas pela brutalidade veloz do instrumental e pela temática bem próxima. Nada mais natural já que foi Mustaine quem compôs as duas.
"Chosen Ones" recorre à fantasia dos RPG´s pra narrar a história de um grupo de guerreiros que pretende atravessar a caverna de um monstro, numa clara metáfora sobre a vida, seus desafios e medos. Um tanto exagerada, é verdade, o que faz com que soe datada hoje em dia. Mas é uma boa faixa, cheia de riffs e passagens interessantes.
"Looking Down the Cross" sim, é sombria sem soar fantasiosa. Trata-se, na verdade, do que teria passado pela cabeça de Jesus Cristo no momento de sua crucificação. Impotência, ira e despeito frente à prepotência, arrogância e ignorância humana que caminha cegamente rumo ao Juízo Final. Talvez seja a faixa mais cadenciada do disco mas nem por isso deixa de ter força e relevância o suficiente pra merecer crédito.
Mesmo apoiado por uma turnê pelos Estados Unidos e Canadá "Killing Is My Business... and Business Is Good!" é o único disco da Megadeth que não atingiu a Billboard 200 - mas se tornou o álbum mais vendido da Combat Records até hoje. Curioso que, mesmo após as dificuldades enfrentadas pela banda na produção do disco, graças ao álcool, às drogas e ao dinheiro, o guitarrista Chris Poland teve que ser substituido por Mike Albert no meio da turnê de divulgação para que pudesse tratar de sua desintoxicação.
Vivendo e não aprendendo..

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