Megadeth: da encruzilhada à obra-prima.

Megadeth 1990: (esq-dir) Menza, Ellefson, Friedman e Mustaine.
Saudações, senhores.
Nem imagino o que aconteceu com Mustaine durante seu período de reabilitação (1989-1990) mas, seja o que for, fez-lhe bem. E muito! Segundo seus próprios cálculos Mustaine não se encontrava sóbrio há dez longos anos, tendo sua mente acelerada por drogas e álcool. Se isso interferiu em suas composições? Talvez. O fato é que, ciente de sua razão, Mustaine pôde enxergar a encruzilhada que mais uma vez estava à sua frente: ou sua banda vingava, ou extinguia-se. Com o técnico de bateria Nick Menza efetivado com as baquetas (substituindo Chuck Behler que "não aguentou o tranco" de ter que acompanhar a velocidade da Megadeth) e sem um segundo guitarrista (já que Jeff Young não "combinou" com a banda) o jeito era sair à caça de alguém que estivesse à altura e ao gosto de Mustaine. Vários guitarristas foram testados, entre eles Lee Altus (Heathen, Exodus e Die Krupps), Eric Meyer (Dark Angel) e até Dimebag Darrell (da Pantera - que queria levar junto seu irmão, Vinnie Paul) mas a vaga ficou mesmo com Marty Friedman, da banda Cacophony que mesclava um estilo Neo-classical com o Speed Metal. Revitalizada, a Megadeth entrou sóbria e determinada no Rumbo Studios, em março de 1990, disposta a sair de lá com algo realmente grande, que fosse indiscutível, capaz de acabar de vez com o estigma de "sombra" do Metallica. Com a ajuda do produtor Mike Clink (Whitesnake, Guns N' Roses e Metallica) - o primeiro a começar e terminar um trabalho com a Megadeth -, nasceu o álbum Rust in Peace. Lançado em 24 de setembro de 1990 o disco teve como ponto de partida um adesivo colado num carro que deixou Mustaine intrigado: "one nuclear bomb could ruin your whole day" (algo como "uma bomba nuclear pode acabar com seu dia"). Como reação institiva - e genial - Mustaine imaginou que o fim seria, de uma forma ou de outra, com as tais bombas enferrugando ("rust", em inglês). Daí pra frente tudo é quase que indescritível: "Holy Wars... The Punishment Due", sobre o conflito entre católicos e protestantes na Irlanda, é - literalmente - um hino do Metal, grandioso, com seus riffs velozes e suas passagens memoráveis; "Hangar 18", sobre OVNIS e conspirações, foi a primeira contribuição de Menza para a banda; "Take no Prisioners" descreve a 2ª Guerra e a realidade dos prisioneiros de guerra; "Five Magics" e "Lucretia" retomam a fantasia que acompanha Mustaine através de seu interesse pela mitologia, bruxaria e pelas histórias de terror; "Poison Was the Cure" e "Tornado of Souls" tratam da experiência pessoal de Mustaine com a heroína e os relacionamentos, respectivamente; "Dawn Patrol" é sobre o fim trazido pelo aquecimento global e o efeito estufa; "Rust in Peace... Polaris" é sobre a morte levada à distância pelos mísseis intercontinentais Polaris. Como de costume o mascote Vic Rattlehead estampa a capa dessa obra-prima ao lado do primeiro ministro japonês da época, Toshiki Kaifu, do então presidente alemão, Richard von Weizsäcker, do ex-secretário geral da ex-União Soviética, Mikhail Gorbachev, do ex-presidente dos EUA George H. W. Bush (o pai) e de um alien em estado de hibernação. Sem dúvida um dos melhores álbuns da Megadeth, do Metal dos anos 90 e um dos mais influentes de toda a história do rock pesado.
Mas o quê viria depois?

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