Megadeth: dos problemas às reabilitações.

Megadeth 1988: (esq-dir) Ellefson, Mustaine, Young e Behler.
Saudações, senhores.
Como já deu pra perceber nos capítulos anteriores, nada foi fácil para a Megadeth. Desde o surgimento, fruto de uma ruptura hostil entre Mustaine e seus ex-colegas do Metallica, passando pelos descaminhos (álcool e drogas) seguidos pela banda que quase custou a produção do seu primeiro disco, até chegar ao decepcionante resultado final do segundo disco (que acabou na troca de gravadora), tudo levava a crer que aquela era uma banda maldita, fadada aos problemas e frustrações que colocariam um fim àquela história. Quando Chris Poland, guitarrista, e Gar Samuelson, baterista, tiveram que ser substituídos, então, quase que se podia cravar que era o anúncio do fim, já que bandas que não mantém uma formação constante tendem a acabar. As apostas foram altas. Mustaine chamou o guitarrista Jeff Young e o baterista Chuck Behler mas descuidou-se dos próprios problemas: seu temperamento perfeccionista e explosivo - amplificado pelos excessos com bebidas e drogas - causaram tantos conflitos na produção do terceiro álbum que o produtor Paul Lani acabou sendo substituído por Michael Wagener, elevando as tensões à níveis extremos. Quanto às músicas, elas sim continuavam explosivas. "So Far, So Good... So What!", terceiro disco da discografia da Megadeth, trouxe excelentes momentos. Como no debut "Killing is my Business", "Into the Lungs of Hell", primeira faixa mistura sonoridades distintas a fim de conseguir explodir, finalmente, numa sequência instrumental destruidora, cheia de riffs precisos e velozes. "Set The World Afire" é simplesmente monstruosa! Composta por Mustaine quando acordou a quilômetros de casa vítima de uma vingança de seus ex-colgas de Metallica (que cansados de seus porres, decidiram embarcá-lo desacordado num ônibus que cruzou os EUA de costa a costa) a faixa equilibra-se entre o peso e a velocidade. Definitivamente a raiva original de Mustaine ainda não havia abrandado e o que para muitos críticos de música da época soou como simples ciúmes infantil (muitos fãs do Metallica ainda hoje pensam assim), para os fãs de Mustaine e da Megadeth era a essência da banda, sua força motriz, capaz de levar o Thrash Metal às raias da velocidade. "In My Darkest Hour", uma homenagem à Cliff Burton, baixista do Metallica e amigo de Mustaine, falecido em setembro de 86, vítima de um acidente com o ônibus da banda, pra mim é a prova incontestável de que a fúria de Mustaine não era pessoal, negativa, mas sim uma projeção capaz de canalizar positivamente todas as suas frustrações e medos. "Liar", sim, é puramente raiva. Dedicada - entre aspas - ao ex-guitarrista Chris Poland, a música descarrega em versos toda a hostilidade entre ele e Mustaine. Poland é acusado de ter roubado as coisas de Mustaine para comprar heroína e, empunhando a guitarra e com um microfone, Mustaine vinga-se - literalmente - dessa traição. "Hook in Mouth", por sua vez, aponta diretamente na direção da Parents Music Resource Center que rotulou os discos anteriores da Megadeth com seu famigerado selo "Parental Advisory/Explicit Lyrics". "Mary Jane", ao contrário do que o nome possa sugerir, não é sobre marijuana e sim sobre Mary Jane Twilegar, tabus e bruxaria - tema que empesteava as idéias de Mustaine na época. "502" é sobre uma blitz policial que aborda um alucinado motorista movido à cafeína e álcool - metáfora para os que acusam simploriamente a Megadeth de ter, como único atributo, a velocidade. Outro destaque fica por conta da versão de Mustaine para "Anarchy in the U.K.", dos Sex Pistols, com direito à participação de Steve Jones e tudo. No mesmo ano do lançamento a Megadeth apareceu no documentário "The Decline of Western Civilization II: The Metal Years", sobre a cena Metal de Los Angeles, abriu apresentações nos EUA para Dio, Iron Maiden e integrou o cast do Monsters of Rock, ao lado de nomes como Kiss, Iron Maiden, Helloween, Guns N' Roses e David Lee Roth, tocando para mais de 100.000 pessoas. Tudo parecia novamente se alinhar e oferecer a Mustaine mais uma chance até que Chuck Behler, o baterista recém chegado à banda, começou a sentir o peso de tentar acompanhar a raiva veloz e técnica de Mustaine: com problemas físicos, Behler teve que ser substituído temporariamente por seu técnico de bateria, Nick Menza. Não bastasse isso, o baixista Dave Ellefson também chegou ao limite com as drogas e bebidas e teve que ser internado - cancelando a turnê de 88, pela Austrália. Behler não se recompôs e, para que a banda prosseguisse, acabou dispensado por Mustaine. Curiosa mesmo foi a dispensa do guitarrista Young. Talvez seu estilo virtuoso, suas influências de Jazz e World Fusion (ele chegou a tocar com a brasileira Badi Assad no que foi conceituado como melhor álbum brasileiro de Jazz de 98) não tenham estabelecido uma ligação com a brutalidade veloz de Mustaine e da Megadeth (críticos afirmam que Mustaine se sentiu ofuscado pelo ex-companheiro de banda). O fato é que por um curto período de tempo a Megadeth tornou-se um trio com Mustaine, Ellefson (que retornou da reabilitação e reassumiu seu posto na banda) e Menza. Com essa formação eles gravaram a versão para "No More Mr. Nice Guy", de Alice Cooper, pouco antes de Mustaine ter sido preso e encaminhado - por ordem judicial - a um centro de reailitação por dirigir sob o efeito e posse de drogas (como o próprio Mustaine previu em "502").
Realmente, coisas estranhas acontecem com a Megadeth.

Um comentário:

  1. Mustaine escreveu a letra"In My Darkest Hour com seu parceiro de banda David Ellefson. Embora a canção seja inspirada pelo falecimento de Cliff Burton, a letra se refere ao relacionamento com sua namorada da época, Diana (sobre que ele escreveu algumas canções).mais esta excelente a materia amigo,megadeth e uma banda que fez e ainda faz um thrash metal de primeira.So estranaho seu blog ter bandas muito boas como ,megadeth.kansas,black sabbath,etc.misturados com bandas que nao tem nada a ver com heavy mnetal como Pearl Jam,nirvanae outras porcarias,mais beleza um abraço

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