Megadeth: da provocação ao risco.

Megadeth 1999 (esq-dir): Ellefson , Friedman, Mustaine e DeGrasso.
Saudações.
Mesmo sendo grande fã de Mustaine e apreciador da Megadeth desde seus primórdios - ou talvez exatamente por isso - ainda hoje eu não entendi o álbum "Risk", de 99. Diz a lenda que, provocado pelo baterista Lars Ulrich, da Metallica (que disse "Mustaine deveria arriscar mais com suas músicas"), a Megadeth decidiu explorar outras sonoridades. Se no princípio a banda era uma explosão de vingança canalizada em guitarras velozes e construções que pavimentaram a estrada do Thrash/Speed Metal, no oitavo álbum de sua discografia Mustaine (guitarrista e vocalista), Marty Friedman (guitarrista), Dave Ellefson (baixista) e Jimmy DeGrasso (baterista) aproximaram-se da onda modernosa que assolou o final dos anos 90 e a primeira década do novo milênio. Elementos eletrônicos como batidas sampleadas e sonoridades artificiais sobrecarregaram o disco de uma tal maneira que tornou quase impossível reconhecer a banda por trás das produções. Enquanto alguns críticos exaltaram a coragem de Mustaine em ousar e experimentar novas tendências, outros definiram o registro como um fiasco sem identidade e dispensável. "Insomnia", a primeira faixa do disco, assustou a muitos fãs que chegaram a decretar o fim da banda. Mesmo com todo o clima e conceito sombrio "Prince of Darkness" não convenceu os fãs. A vinheta "Enter the Arena" bem que prometeu algo ao velho estilo pesado e agressivo mas "Crush 'Em" joga um balde de água fria nas expectativas e dilui-se numa desnecessária tentativa de "fazer soar moderno" toda a identidade de Mustaine e da Megadeth. "Breadline" seria a balada do álbum - mesmo assim, é pouco inspirada. "The Doctor Is Calling", por sua vez, diferencia-se exatamente por apostar no simples mas bem feito: misturando partes pesadas e suaves, sem exagerar nos efeitos e mantendo o clima denso que sempre caracterizou as boas composições de Mustaine, a faixa não redefine a banda - mas também não a atira na vala comum dos que buscam reinventar o rock. "I'll Be There" é piegas demais. Até acredito que seja uma sincera demonstração de carinho de Mustaine por seus fãs argentinos mas esse tipo de homenagem nunca me comoveu. "Wanderlust" pouco acrescenta ao álbum. "Ecstasy" me fez pensar que Mustaine deveria voltar aos homéricos - e inspiradores - porres de vodka dos anos oitenta imediatamente! "Seven" até que ficaria interessante num Lado B de single - mas só eu achei isso. Porém, ao chegar à última faixa, "Time", dividida em "The Beginning" e "The End", soprou sobre mim uma suave brisa de esperança pois, apesar de um tanto grandiosa demais para os seguidores de Vic Rattlehead, pude sentir que a essência primitiva da Megadeth ainda estava lá, escondida atrás da superprodução e das desaventuradas experimentações da infeliz empreitada de "Risk". Vale ressaltar que apesar da discutível identidade assumida por Mustaine nesse registro suas letras mantiveram-se com qualidade e dignas de atenção.
Tempos depois, em meados de 2000, li que Mustaine havia comentado que pretendia retornar à sonoridade característica da banda, retomando o Speed/Heavy e o Thrash Metal que consagrou a Megadeth como um dos pilares do Metal. Logo em seguida o guitarrista Marty Friedman deixou a banda alegando diferenças musicais (sendo substituído por Al Pitrelli) - o que me deixou muita gente com uma dúvida: seria Friedman o "fator de risco" da banda? Ainda hoje acho que não pois Mustaine é a banda e seria desonesto atribuir a ele somente os louros das vitórias, e não as vergonhas das derrotas. Sorry, Mustaine.
 Pra não pensarem que esse foi um período perdido para a Megadeth: a versão de "Never Say Die", da Black Sabbath, registrada na mesma época para a segunda edição do tributo "Nativity in Black", é muito boa.

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