Megadeth: do castigo ao terceiro milênio.

Megadeth 2001 (esq-dir):
Jimmy DeGrasso (bateria), Al Pitrelli (guitarras), Dave Mustaine (vocaise guitarras) e Dave Ellefson (baixo)
Saudações.
Em outubro de 2000, depois de 14 longos anos de parceria, a Megadeth e a gravadora Capitol Records se separaram. Não sei até onde pesou o descontentamento quase que generalizado com o então último álbum ("Risk", de 99) mas, com a compilação "Capitol Punishment: The Megadeth Years", e de quebra duas faixas inéditas ("Kill the King" e "Dread and the Fugitive Mind"), Mustaine encerrou seu ciclo na gravadora e assinou com a Sanctuary. De cara ele assumiu a produção do nono álbum que marcaria o retorno da Megadeth ao rock que a consolidou e alimentou durante toda sua história. "The World Needs a Hero", lançado em maio de 2001, é quase um disco autoral já que Mustaine assinou todas as faixas. E o mascote Vic Rattlehead emergindo do corpo caído no chão era um ótimo presságio! "Disconnect" abre o registro carregada de riffs e o peso cru da Megadeth de sempre. É claro que as lições aprendidas com Max Norman (produtor dos multiplatinados Countdown to Extinction, de 92, e Youthanasia, de 94) ainda estão lá: as faixas são bem estruturadas, a captação é perfeita, a produção é muito bem acabada. Até mesmo os erros cometidos nos tempos de "Cryptic Writings" e "Risk" serviram de lição. O que não se pode negar é que havia nas novas composições uma real volta às origens - mesmo que novos elementos e realidades tenham se incorporado em definitivo à Megadeth.  "The World Needs a Hero" é acachapante: bateria destruidora, baixo servindo de base para as guitarras rangerem e desfiarem os riffs precisos de Mustaine e Pitrelli. "Moto Psycho", a faixa single do álbum, é sobre viver preso à dura realidade de acordar, enfrentar o trânsito, trabalhar e voltar pra casa pra dormir e esperar o dia seguinte. Realmente cruel. "1000 Times Goodbye" é, desde o primeiro acorde, ameaçadora, pesada e grave. Aqui fica clara a competência de Mustaine não apenas em compor para sua banda mas tamtém em conduzir e produzir seus projetos. "Burning Bridges" é obscura, sombria, cadenciada e contém de novo a centelha furiosa que fez Mustaine ser o que é: provocador e polêmico. "Promises" é a balada do disco - muito mais interessante do que "Breadline", do último disco. Logo depois vem "Recipe for Hate... Warhorse" e seu clima retrô, retomando as épocas inspiradas (e inspiradoras) do Thrash Metal. "Losing My Senses" prova que novas sonoridades são bem-vindas desde que não descaracterizem a identidade de um artista - principalmente num universo tão conservador (musicalmente falando) como o rock. Não é minha favorita mas não é ruim. "Dread and the Fugitive Mind", o segundo single do disco, é sobre a fé e seus questinamentos. Mais do que impor suas opiniões o que Mustaine quer é incitar a discussão. Tomara que isso resulte em alguma coisa! A vinheta instrumental "Silent Scorn" prepara a cena para "Return to Hangar", um déjà vu que vai direto ao clássico álbum "Rust in Peace", de 1990. Mais do que buscar inspirações nos anos dourados da Megadeth, Mustaine busca alimentar novamente sua furia inicial nos temas que possibilitaram que seu talento progredisse exponencialmente e o transformasse numa das figuras mais importantes do Metal atual. "When" é outra que emocionará os fãs do Thrash oitentista. Bem arranjada, bem executada, com uma letra fortíssima e muito bem produzida, a faixa encerra o registro, definitivamente, cheia de rancor, ira e talento - condições que impeliram Mustaine ao rock. Tal qual um desagravo às críticas, aos críticos - e até aos fãs que decretaram (prematuramente) o fim da Megadeth - Mustaine declara: "No one hears a word I say (...) I've walked a minefield for you (...) I have made it through the things / Others would surely die just watching (...) And you spit back in my face (...) Stabbing me over and over and over".
Sim! A Megadeth estava viva, cheia de raiva e pronta para novamente voltar seu arsenal contra os medos, as fraquezas, as imperfeições, as mazelas humanas e a burocracia do rock do início do terceiro milênio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O que achou da postagem? Comente!
O seu comentário é muito importante para nós!

Você é livre para comentar o que quiser, porém me reservo no direito de apagar seu comentário se julgar desapropriado para que os outros leitores vejam.

Outros links que podem te interessar

Lomadee, uma nova espécie na web. A maior plataforma de afiliados da América Latina.