Megadeth: da expectativa ao êxtase em 50 minutos.

Megadeth 2011: Mustaine no SWU 2011 (Paulínia/SP)

Eis que finalmente chegou o dia marcado.
Desde cedo as nuvens no céu avisavam que a jornada não seria fácil e os que ousassem desafiar as forças da natureza seriam castigados. Lá pelas tantas percebemos que a ameaça não havia se confirmado tal como esperávamos mas o vento frio aproveitava-se dos corpos quentes e da chuva fina e fria para riscar a pele dos milhares de rattleheads que se moveram como enxame rumo à Paulínia, interior de SP, no último dia 14 de novembro. Precisamente às 21h30 o baterista Shawn Drover começou a marcar o ritmo nos bumbos de seu instrumento. "Trust", então, ganhou forma quando o baixo de David Ellefson, suavemente, começou a delimitar as bases da canção para que as guitarras de Chris Broderick e Mustaine desfiassem seus riffs nervosos e sempre precisos. O vocal rasgado de Mustaine - que muitos preferem comparar a um grasnar de pato, ou algo que o valha - remete aos primórdios da banda, anos 80, tempos de hormônios à flor da pele, de raiva e sede de vingança. Mas Mustaine, hoje, é outro. Sua mudança pessoal reflete não apenas nas suas composições mas também em sua presença de palco. Profissional ao extremo - sem perder o carisma - Dave convence o público não apenas pela perfeição e simplicidade com que se apresenta, mas também pelo respeito e gratidão que demonstra. Não posso negar que foi "Wake Up Dead", a segunda da noite, que me ganhou. Ritmo, riffs e peso na dose certa para os aficcionados pela Megadeth. "Hangar 18" é uma obra-prima, daquelas de se parar tudo e assistir quase que hipnotizado. Acho que foi assim que fiquei nessa hora. Confesso que me surpreendi com a simpatia de Mustaine ao anunciar "A Tout Le Monde". Sua fama de zangado, enfezado, "marrento" - diriam alguns amigos, definitivamente se tornara parte do passado, um folclore. Com "Whose Life (Is It Anyway?)" Mustaine introduziu seu mais recente disco aos ouvidos dos mais de 70 mil fãs que se expremiam entre as torres colocadas estratégicamente para bloquear a visão dos infelizes que ficavam distante do palco. Paciência. "Head Crusher" quase foi fatal, tamanha a empolgação dos que estavam ao meu redor. Hematomas e arranhões, torcicolo e rouquidão para provar. "Public Enemy #1" é, com certeza, a melhor aposta de Mustaine para divulgação de seu mais recente trabalho. Melodiosa, cheia de riffs, veloz e com a identidade da Megadeth exalando pelos compassos, o single deve render bons resultados à banda. "Sweating Bullets" é outra que me agrada muito: crua, climática e ousada. Mustaine canta como se quisesse incomodar os críticos, detratores e afins. O resultado é sempre ótimo. "Symphony of Destruction" está entre as minhas favoritas desde o dia em que a ouvi pela primeira vez. Os riffs, o ritmo, o vocal, o baixo sustentando tudo, o tempo todo. Perfeita. "Peace Sells" é um hino catártico e dispensa maiores comentários - já que não há quem fique imune aos riffs cortantes e ao desfecho explosivo. O fim estava próximo. Percebemos isso no exato momento em que Vic, o imortal mascote da Megadeth, invadiu o palco - trajando um indefectível terno preto - para lá de cima, ameaçar o público que, por ironia, sentiu-se privilegiado por testemunhar a primeira aparição - no Brasil - do personagem. "Holy Wars", então, soou como as trombetas anunciando o Armagedon. Veloz, furiosa, precisa, técnica, climática do começo ao fim. Mustaine encerrava sua apresentação mostrando aos jovens que não bastam uma guitarra e uma camiseta preta pra se fazer rock: é preciso talento e competência. Com sede, fome, frio e dores por todo o corpo, ainda pude ver os quatro distribuirem baquetas, palhetas e agradecimentos ao público brasileiro - pouco antes de "My Way", na versão Sid Vicious, estourar nos alto-falantes como se quisesse resumir a trajetória de Mustaine/Megadeth em uma simples canção. Perfeito!

O show na íntegra, pra quem ainda não assistiu,
está aqui (pra baixar - em formato .avi)
ou aqui em baixo (pra assistir online):

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