Megadeth 2004 (esq-dir): Shawn Drover, James MacDonough, DAve Mustaine e Glen Drover. |
Saudações.
Em meados de 2004, já com seu trabalho com a Capitol encerrado, Mustaine voltou-se ao seu intento de gravar um álbum solo para marcar seu retorno às atividades. Foi quando descobriu que, por motivos contratuais, ainda devia um disco da Megadeth para a EMI, selo que representava a banda na Europa. Mustaine, então, decidiu remontar sua banda e, para isso, escolheu chamar o line-up que se tornou clássico por atuar junto no álbum "Rust in Peace": Nick Menza, Marty Friedman e Dave Ellefson foram contatados. Como já tinha algumas faixas prontas - as que seriam usadas no sempre-adiado disco solo - Mustaine sugeriu que trabalhassem sobre essas composições mais recentes. Menza aceitou a idéia mas Friedman e Ellefson não chegaram a um acordo com Mustaine e acabaram ficando de fora - o que gerou um imbróglio maior ainda. Ellefson, co-fundador da Megadeth, alegou através da imprensa e de sua página pessoal que Mustaine inventou seu tratamento médico pra poder encerrar a banda e regressar como dono da marca Megadeth. Mustaine não gostou e usou os mesmos meios para confrontar seu agora ex-companheiro. Um capítulo deprimente que acabou marcado como o primeiro registro da Megadeth sem seu baixista original. Mustaine, então, foi atrás de Chris Poland, outro ex-integrante com sérias questões a resolver com o vocalista. Poland, à época, era guitarrista da banda OHM e preferiu contribuir como músico de estúdio, deixando claro que nem tudo o tempo havia resolvido. Nessas condições Mustaine decidiu que seu baixista também seria um músico de estúdio. Jimmie Lee Sloas foi o escolhido graças ao seu currículo como produtor, compositor e passagens pelas bandas The Imperials e Dogs of Peace. Os ensaios começaram mas, segundo Mustaine, algo não se encaixou. Era o baterista Menza que por questões musicais e físicas acabou sendo dispensado. Em seu lugar assumiu outro músico de estúdio, o baterista Vincent Colaiuta - com uma vasta experiência que vai de trabalhos com Frank Zappa, Barbra Streisand, Beach Boys, Leonard Cohen e Jeff Beck à Quincy Jones, Chick Corea, Herbie Hancock e - pasmem - Sandy & Junior! Mesmo animado por poder registrar suas composições e marcar seu retorno aos palcos Mustaine sentiu a falta de seus companheiros de banda, chegando a insinuar que esse seria o derradeiro registro da Megadeth. No final das contas "The System Has Failed" é o tão sonhado álbum solo de Mustaine - mesmo que ainda sob o nome de Megadeth. Apontado pela revista Revolver como o melhor registro da banda desde "Countdown to Extinction" o disco seguiu a trilha aberta pelo vídeo de "Die Dead Enough", cheio de raiva e da complexidade típica das composições de Mustaine. O segundo single/vídeo foi "Of Mice And Men", outra faixa que trata das mazelas humanas. Nesse vídeo é possível ver os músicos que Mustaine escolheu para acompanhá-lo na divulgação do disco: o guitarrista Glen Drover, o baixista James MacDonough e o baterista Shawn Drover. O lado politizado de Mustaine vem em faixas como "Blackmail The Universe" e "The Scorpion" que, apesar de ser baseado na parábola do "Sapo e o Escorpião", diz muito sobre a política dos tempos atuais. "Kick the Chair" e "Tears in a Vial" são mais pessoais e demonstram o descontentamento de Mustaine com seu próprio modo de lidar com sua realidade. A vinheta "I Know Jack" abre espaço para poderosa "Back in the Day", um tratado sobre o nascimento da cena Thrash Metal cheio de ressentimentos, raiva e velocidade. "Something That I'm not" é sobre confiança em si mesmo e comprova que, apesar de irascível, sempre há o lado equilibrado de Mustaine. "Truth Be Told" já parece refletir o Mustaine convertido, novo-cristão - sim, ele encontrou Jesus! Encerrando o disco estão a vinheta "Shadow of Deth" e "My Kingdom", outro verdadeiro petardo cristão do novo Mustaine. A recepção do álbum foi muito positiva provando que Mustaine ainda tinha o controle da situação mesmo sendo o único integrante da formação original. As turnês se deram ao lado das bandas Exodus (nos EUA), e Diamond Head e Dungeon (na Europa). As críticas especializadas foram tão positivas - e a receptividade do público foi tão grande - que Mustaine acabou por reavaliar a decisão de encerrar as atividades da Megadeth e garantiu novos trabalhos e turnês para o futuro.
Sorte e privilégio dos fãs e do Metal.
Faltou falar da capa: Vic Rattlehead vendendo atestados de "não-culpado" à George W. Bush, Hillary e Bill Clinton, Dick Cheney e Condoleezza Rice chegou a ser proibida e substituída por uma versão alternativa em alguns lugares dos EUA. Coisas de um país que quer defender a liberdade em terras alheias!
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